domingo, 3 de abril de 2011

Eu vejo uma gravura

Eu vejo uma gravura
grande e rosa.
No primeiro plano
uma casa.
À direita da casa
outra casa.
Lá no fundo da casa
outra casa.
Enfrente da casa uma vala:
onde escorre a lama douta casa.
E no chão
outra vala:
onde escorre o esgoto
doutra casa.

Esta casa que eu vejo
não se casa
com o que chamamos
uma casa
Pois as paredes são
Esburacadas
onde passam aranhas
e baratas

E os telhados são
folhas de zinco.
E podem cair
a qualquer vento
E matar uma mulher
que mora dentro.
E matar a criança
que está dentro
da mulher que mora
nessa casa.
Ou da mulher que mora
noutra casa.

É preciso pintar
outra gravura
com casas de argamassa
na paisagem.

Crianças cantando
a segurança
da vida construída
á sua imagem.

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